holofote • bella tozini

Por Sylvia Werneck

Publicado em 12 de Junho de 2021



Em seu texto “O autor como produtor”, Walter Benjamin defende que um criador precisa se engajar na luta política, ao lado dos oprimidos, para que sua obra seja relevante para a sociedade. Diferentemente de alguém que combate empaticamente injustiças sofridas por outrem, Bella Tozini é uma artivista imersa na causa das identidades de gênero e afetos atacados, cujo olhar se volta para corpos dissidentes, que ela captura em fotografias, lambes e intervenções urbanas. Suas imagens se apresentam como manifestos de formas de existências e afetos que fogem à hegemonia heteronormativa e dos corpos padronizados, como gays, drags, travestis ou boycetas.


Sua postura remete ao procedimento do pesquisador que observa sem interferir, por mais que sua subjetividade dificulte manter muita distância. Mais ainda, a artista elege como método de aproximação o amar – amar as pessoas retratadas em suas próprias especificidades, paixões e dores. Seus retratos respiram uma atmosfera muito própria na qual a personalidade sobrepõe-se à imagem. Não há, propriamente, um “estilo” fotográfico, mas uma “fala” de cada pessoa capturada pela lente. Cada retratade atravessa a mediação do equipamento e se dirige diretamente ao observador, como num papo reto.


Bella Tozini nasceu em São Paulo em 1980 e atualmente vive em Cabreúva. Fez mestrado no Instituto de Artes da Unicamp e atua em coletivos LGBTQIA+ em Itu, Jundiaí, Campinas e região. Participa de exposições desde 2014. Em 2018 publicou o fotolivro Lacração, que em 2019 se transformou na exposição Lacração – Territórios. Em 2020, participou do 45º Salão de Artes de Ribeirão Preto e da mostra C*nsorsh*p na Gallery&Co 119, em Paris. Atualmente trabalha no fotolivro Corpes Dissidentes, com publicação prevista para agosto de 2021.

Lacração/Mon, 2018

• Lacração/Cay, 2018

• Lacração – Territórios/Fanfozo, 2019

• Lacração – Territórios/Rafa, 2019

• Lacração – Territórios, intervenção urbana, 2019

• Conselhos de amiga, 2019

• Corpes Prováveis/Cadu, 2021

• Corpes Prováveis/Tayan, 2021

• Corpes Prováveis/Jupi77er, 2020



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