exposição | pensamentos sobre arte

Edith Derdyk, Felippe Moraes, Mano Penalva, Maurício Adinolfi e Renata Pedrosa

A curadora e crítica de arte Sylvia Werneck lançou o livro ”Pensamentos sobre arte” no dia 11 de março de 2023, no Edifício Vera. A obra é uma coletânea do material produzido desde 2004, e foi contemplada pelo ProAC Expresso Lei Aldir Blanc no 50/2021. 

O evento de lançamento contou com uma mostra homônima com obras dos artistas visuais Edith Derdyk, Felippe Moraes, Mano Penalva, Maurício Adinolfi e Renata Pedrosa no espaço expositivo do Lux Espaço de Arte e uma conversa com as artistas visuais Márcia Pastore e Renata Pedrosa na Alter Edições.

 

PENSAMENTOS SOBRE ARTE

Isto não é um texto curatorial.

Talvez seja uma carta. Ou uma confissão. Ou uma tentativa de expressar a epifania que tive hoje, a três dias da abertura, com tudo (quase) pronto.

Quando convidei as/os artistas para fazermos esta exposição, minha vontade era simplesmente celebrar a publicação do livro de mesmo nome com um pequeno número de trabalhos. Admito que a proposta foi bem “cara de pau”, já que tudo teria que acontecer em pouquíssimo tempo. Além disso, eu provavelmente não escreveria nada, pois, a princípio, a única conexão entre as obras era o fato de serem de artistas que estão no livro, e não necessariamente obras sobre as quais escrevi.

Até que hoje, quarta-feira, com os trabalhos posicionados, olhei para o conjunto e alguns diálogos começaram a ser sussurrados. Primeiro, o tratamento dado às formas, na medida exata em que nada falta e nada sobra – sem que tivéssemos planejado qualquer linha-mestra que os conectasse, todos são trabalhos elegantes, sutis. Em seguida, foi impossível não perceber a escala de tons que vão de terrosos e ferrosos, passam pelos beges e chegam ao branco do papel. Mesmo no filme, cores vibrantes aparecem esporadicamente, intercaladas com madeiras, areias e águas.

Então abri os ouvidos para o que os trabalhos dizem ou calam. Quando Renata Pedrosa nomeia suas esculturas como Arquiteturas Distópicas, externa questões que impulsionaram a criação das peças. Formalmente, elas lembram torres de Babel, cujo caos idiomático ocorre no filme Macuco, de Maurício Adinolfi, como a incomunicabilidade do casal que nunca chega a se olhar. Indícios, os proto-livros sem palavras de Edith Derdyk, também têm algo de arquitetônico na maneira como os espaços são construídos em camadas de papel com cheios e vazios.

Do outro lado da sala, as frações de Divisão, de Felippe Moraes, expõem a arbitrariedade dos con- ceitos que criamos e aos quais acabamos nos submetendo. Paradoxal também é Feito a facão, de Mano Penalva. Essas “armas” confeccionadas por artesãos em madeira extremamente leve e porosa contradizem sua potencial letalidade ao se unirem numa composição de perfeito equilíbrio.

Animada por ter testemunhado o que me pareceu uma convivência harmônica totalmente impre- vista, cheguei em casa com um sentido de urgência de escrever alguma coisa. Mesmo que não seja um texto curatorial. Talvez uma carta... ou uma confissão.

Sylvia Werneck
8 de março de 2023

Fotos por Helena Marc

SERVIÇO

Exposição: Pensamentos sobre arte
Artistas: Edith Derdyk, Felippe Moraes, Mano Penalva, Maurício Adinolfi e Renata Pedrosa
Curadoria: Sylvia Werneck

Visitação de 11.03.23 a 08.04.23

Lux Espaço de Arte
Edifício Vera | Rua Álvares Penteado, 87
5º andar | Sala 7
Centro histórico | São Paulo SP

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